A história do vidro se confunde com a história da própria humanidade, unindo povos e conhecimentos de todos os continentes
O vidro é uma das descobertas mais surpreendentes do homem e sua história é cheia de mistérios e lendas. Embora não se disponha de dados precisos sobre sua origem, foram descobertos objetos de vidro nas tumbas egípcias, por isso, imagina-se que o vidro já era conhecido há pelo menos 4.000 anos antes da era cristã.
A Fenícia (hoje, Biblos, Líbano) foi mencionada por um dos maiores historiadores da Antiguidade, Plínio Caio Segundo, como o berço do vidro. Ele conta que navegadores fenícios, ao deixarem acesas fogueiras construídas em “pedras” de carbonato de cálcio sobre a areia de uma praia, observaram que, após sofrer a ação do calor, durante toda a noite, se formava no local um líquido transparente: o vidro.
Uma outra versão é de que teria havido fusão natural de areia em virtude de um incêndio provocado por raio, que resultou em vidro. É provável que o vidro tenha realmente sido descoberto acidentalmente. Mas, também há hipóteses de que não tenha surgido naturalmente, mas da queima de peças cerâmicas, ou com a fusão das primeiras peças metálicas pouco antes da Idade do Bronze (5000-4000 a.C.). As mais antigas peças cerâmicas com revestimento vítreo, ou esmaltadas, contudo, datam de aproximadamente 12.000 a.C.
Da Feníncia para Roma
A vidraria só teve seu desenvolvimento a partir da era cristã, quando, por volta do ano 30 a.C., foi inventada a vara de sopro. Esta descoberta teria supostamente também ocorrido na Fenícia e tornou possível moldar as peças. A produção se concentrou na Alexandria, de onde os fenícios a levaram para todo o Mediterrâneo.
A potência do Império Romano deu novo impulso à técnica de soprar o vidro. Por volta do ano 100 da era cristã, os romanos começaram a produzir e usar vidro relativamente plano para confeccionar janelas. O vidro ainda era opaco, mas deixava passar luz suficiente para iluminar os ambientes das construções de famílias mais abastadas. Esta vara de sopro ainda é a mesma utilizada nos dias atuais na produção artesanal do vidro, principalmente para fazer peças decorativas e com formas complexas.
Os primeiros quatro séculos da era cristã, foram denominados “idade de ouro do vidro”, com a atividade concentrando-se em Roma.
Da Veneza para o Mundo
A indústria do vidro teve forte desenvolvimento na ilha de Murano , em Veneza, a partir do século 13. Os vidreiros da localidade eram tão importantes que muitos foram incluídos no Livro de Ouro, que trazia a relação das famílias aristocráticas. A localidade foi estrategicamente escolhida para manter a atividade protegida contra a espionagem. E até hoje, Murano ainda é usado para denominar alguns tipos de peças de cristal.
Por dois séculos, os vidreiros venezianos aprimoraram os espelhos, chegando à forma perfeita somente por volta de 1.600. Lupas e lentes já existiam desde o século 11, mas somente foram aperfeiçoadas depois do século 17, favorecendo o surgimento de instrumentos ópticos e dando início à modernidade na atividade vidreira.
Todas as peças em vidro, entretanto, continuaram sendo um bem de luxo, sinal de status e poder até o final do século 18. Só seria possível mudar essa situação com a produção em série. E foi Friedrich Siemens quem deu uma contribuição essencial para isso, ao desenvolver o forno de recuperação térmica.
Graças a esses fornos, foram produzidos, por exemplo, os bulbos para as lâmpadas inventadas por Edison. Eles também facilitaram a fabricação de vidros planos em produção contínua, com os processos criados pelo belga Fourcault e pelos norte-americanos Colburn e Owens.
Fonte: Verallia